Veículo de levitação magnética, tecnologia MagLev-Cobra. Desativado

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A necessidade de transporte público eficiente, não poluidor, com custos de implantação e manutenção competitivos, faz parte das prioridades do mundo moderno, no qual grande parte da população vive em metrópoles.

Cidades que dispõem de uma extensa malha de metrôs subterrâneos são consideradas como modelo de solução. No entanto,  destas vias encontra-se entre R$ 100 Milhões e R$ 300o custo de implantação Milhões por km, ou até superior, dependendo do tipo de solo.
A tecnologia MagLev-Cobra propõe um veículo de levitação magnética com articulações múltiplas, que permite efetuar curvas de raios de 50m, vencer aclives de até 15% e operar em vias elevadas a 70km/h ou mais. 

Seu custo de implantação é da ordem de 1/3 do necessário para um metrô, comparável ao de um VLT e mais econômico que o Mono-Rail.

Para obter a levitação, o sistema vale-se da propriedade diamagnética dos supercondutores de elevada temperatura crítica e do campo magnético produzido por imãs de terras-raras. 

 Esses materiais só foram produzidos a partir do final do século passado. Ainda não existe, até a resente data, um veículo do tipo aqui proposto em uso comercial, o que lhe confere originalidade, oportunidade de inovação e crescimento tecnológico.     

A tração é obtida por ação de um motor linear, tecnologia que também abre novas perspectivas para o parque industrial brasileiro.     

Por ser movido à energia elétrica, cuja geração no Brasil é predominantemente de origem hidráulica, o sistema MagLev-Cobra funciona sem a emissão de gases poluentes.   

Por não depender de atrito mecânico, o MagLev-Cobra, além de menor consumo energético, não produz poluição sonora, podendo se harmonizar com a arquitetura das cidades em vias elevadas, apresentando uma imagem futurista dos locais onde for instalado.   

A UFRJ, através da COPPE, vem trabalhando no desenvolvimento desta tecnologia desde o ano 2000 [Stephan, 2017]. A evolução encontra-se organizada em 4 etapas [Stephan, 2015]:

Richard M. Stephan @reprodução

I – Prova de Conceito, que correspondeu à construção de um Protótipo em Escala Reduzida, finalizado em 2006 com o apoio do CNPq, CAPES e FAPERJ. O total de recursos investidos nesta etapa foi da ordem de R$100mil.   

II – Protótipo Funcional, desenvolvido entre 2008 e 2012 com recursos da FAPERJ e da FUNDAÇÃO COPPETEC, totalizando cerca de R$ 4,8 Milhões. Esse protótipo objetivou demonstrar a viabilidade técnica do veículo em escala real, sua capacidade de suportar cargas, efetuar curvas, vencer declividades, tudo ainda dentro de um ambiente controlado
de laboratório.   

III– Protótipo Operacional, para o qual foram levantados recursos de R$ 6,5 Milhões do BNDES/FUNTEC. Ao apoio público, somou-se a participação de empresas privadas, realçadas mais adiante. Esse protótipo opera atualmente para demonstrações semanais, em uma linha aberta, com 200 metros de extensão, para qualquer usuário, dentro do
campus da UFRJ. Em suma, trata-se da comprovação da viabilidade operacional do equipamento. Vale destacar que o apoio da FAPERJ, oferecido para a concretização da etapa anterior, desempenhou papel significativo para a aprovação do projeto FUNTEC.     

IV – Industrialização. Esta etapa, na qual nos encontramos, necessita dos resultados da anterior para ser devidamente programada. Ela trará o esperado desdobramento para o crescimento industrial brasileiro. As etapas encontram-se esquematizadas na Figura 1 e enquadradas na escala TRL (“Technology Readiness Level”) proposta pela NASA, também norma brasileira desde 2015, como apresentado no quadro da Figura 2 [Lobo, 2016]. Na verdade, a escala TRL vai só até nove. Introduzi o nível TRL10, que não consta da Norma. De fato, a NASA fica satisfeita com alguns poucos exemplares dos equipamentos que desenvolve. Nós não, a industrialização em larga escala significa um novo patamar de
dificuldade. Cada degrau superior da escala TRL exige mais esforço metal, físico e
financeiro para ser galgado, como o exigido de um alpinista que quer chegar ao topo do Everest.
Crédito: Richard M. Stephan @disponível na internet 08/08/2022

leia a íntegra do documento sobre o MagLev-Cobra >>> MagLev-Cobra – breve retrospectiva 2022 (1)

Trem de levitação magnética, solução econômica e sustentável para o trânsito, será desativado

Os negacionistas da ciência, desde o oceano de sua ignorância, não se dão conta de que praticamente tudo ao seu redor tem o dedo do conhecimento científico.

Quando esse conhecimento se transforma em um bem, toda a sociedade sai ganhando.

Seria o caso do trem de levitação magnética, uma tecnologia desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que poderia oferecer uma solução econômica e sustentável para o problema do trânsito na capital fluminense e, quiçá, em todas as cidades brasileiras.

O trem de levitação magnética, batizado de Maglev-Cobra, tem uma das tecnologias mais avançadas do mundo para a mobilidade, mas está em processo de descomissionamento, ou seja, o projeto será desativado.

Desperdício

Desde 2016, foram investidos cerca de R$17 milhões na pesquisa realizada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ.

O Maglev-Cobra funciona todas as terças-feiras entre os prédios do Centro de Tecnologia da Cidade Universitária da Ilha do Fundão, sendo  o primeiro veículo no mundo a transportar passageiros utilizando a tecnologia de levitação magnética por supercondutividade.

Para se ter uma ideia do avanço da pesquisa brasileira, a China está em fase experimental com um protótipo feito para oito pessoas, enquanto o trem da UFRJ consegue transportar 20 passageiros.

Em 2019, o professor Richard Stephan, coordenador dos pesquisadores do Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup) da Coppe/UFRJ, havia dito ao #Colabora que a instituição estava em busca de um parceiro industrial.

Entretanto, durante esses cinco anos, nenhum interessado apareceu.

“Durante os 5 últimos anos, mantivemos exposições públicas semanais do projeto, inclusive com a presença de diversas autoridades, e temos total condição técnica de implementar um transporte mais rápido, leve, com menor impacto ambiental e, muitas vezes, mais barato, no Brasil, porém essa tecnologia será abandonada”, comentou Stephan ao Diário do Rio.

Atualmente, apenas três países no mundo usam a tecnologia de levitação magnética em trens: Coreia do Sul, China e Japão – três gigantes asiáticos que investem pesado em tecnologia.

O Brasil acaba de desperdiçar todo o recurso financeiro investido, o trabalho de pesquisadores e a oportunidade de dar um passo fundamental na melhoria da mobilidade urbana no país, bem como de ganhar dinheiro exportando a tecnologia. Nas palavras de Stephan:

“Lamentamos profundamente a impossibilidade de melhorar a mobilidade da população, os empregos perdidos e todo o investimento em ciência que estão sendo desprezados, pois esse é o transporte do futuro, que poderia ser implementado também em outros lugares no mundo, com método inovador brasileiro, retirando mais uma vez a chance do Brasil de exportar tecnologia de ponta”.

Crédito: Gisella Meneguelli /Greenme – @ disponível na internet 08/08/2022

3 Comentários

  1. Isto é o BraZil, onde “matam” as idéias e ideais de quem ousa criar desenvolvimento nacional.
    Dos que ousam criar soluções que vão contra os grandes grupos dominantes estrangeiros.
    Continuamos uma colônia.

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