Cabaré Brasil

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Empresas investigadas na Lava Jato e na Zelotes representam 14% do PIB.

Levantamento feito pelo jornal O Estado de S.Paulo mostra que as 32 empresas com ações ou inquéritos abertos nas operações Lava Jato e Zelotes respondem por cerca de 14% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Juntas, essas companhias têm receita de aproximadamente R$ 760 bilhões. Entre elas, estão gigantes como Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Bradesco.

Para analistas ouvidos pela reportagem, os números revelam os efeitos que as investigações sobre a corrupção podem ter sobre a economia brasileira. E também indicam que as relações entre os setores público e privado terão de mudar de agora em diante.

“Não é um número desprezível. Se considerado o impacto indireto sobre a cadeia do petróleo e construção pesada do país, o estrago é chocante, de proporções incomensuráveis”, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados.

Com a Lava Jato, várias fornecedoras da Petrobras quebraram, entraram em recuperação judicial, venderam ativos, enfrentam dificuldade para renegociar dívidas e demitiram funcionários. A Força Sindical estima em ‘ milhão o total de trabalhadores demitidos por essas empresas nos últimos meses, segundo o Estadão. Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) calcula que houve 140 mil cortes somente na área da construção. Os setores de óleo e gás contabilizam a eliminação de 170 mil vagas. Desde 2014, a Odebrecht, principal empreiteira do país, já demitiu 50 mil trabalhadores.

Em entrevista ao Estadão, Sérgio Lazzarini, do Insper, disse que as empresas vão ter de se reinventar: “A Lava Jato cumpre o papel de escancarar um modelo vigente há séculos no país: o capitalismo de laços, em que o sucesso dos grupos econômicos está ligado ao Estado”. O cenário, reconhece o analista, é complicado. As empresas investigadas terão mais dificuldade para obter crédito e buscar sócios.

Crédito: Congresso em Foco – disponível na web 20/06/2016

Cunha prepara pronunciamento e aumenta rumor sobre renúncia

Menos de uma semana após ser derrotado no Conselho de Ética, que recomendou a cassação de seu mandato, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prepara um pronunciamento à imprensa para esta segunda-feira (20). O horário e o local ainda não foram confirmados, tampouco o assunto do discurso. Mas a simples reaparição pública do peemedebista aumenta os rumores sobre uma eventual renúncia dele ao comando da Casa.

Cunha tem sido pressionado cada vez mais por aliados a abrir mão da presidência para tentar escapar da cassação em plenário. Nos bastidores, parlamentares se movimentam para concorrer ao comando da Câmara. O deputado tenta postergar a votação do parecer do Conselho de Ética em plenário.

A perda de apoio é notória. No Conselho de Ética, depois de muito mistério, a deputada Tia Eron (PRB-BA), considerada fiel da balança na votação, posicionou-se a favor do parecer do relator, Marcos Rogério (DEM-RO), pela perda do mandato. Defensor de Cunha, Wladimir Costa (SD-PA) mudou de lado na última hora. Após fazer diversos discursos inflamados em defesa do peemedebista, votou pela cassação.

Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), outra frente de batalha de Cunha, deputados recusaram a relatoria do recurso do peemedebista contra a decisão do Conselho. O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), já sinalizou que vai retirar da CCJ uma consulta, cuja resposta, já feita pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), poderia amenizar a punição ao peemedebista.

Derrotas

Réu na Lava Jato, afastado do mandato de deputado e da presidência desde maio por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha tem dito a aliados que não pretende renunciar ao mandato. Além da derrota no Conselho de Ética, o deputado afastado colecionou outros dissabores este mês. Um juiz do Paraná bloqueou os bens dele e de sua esposa, Cláudia Cruz. A jornalista também virou ré na Lava Jato. Seu nome apareceu em novas delações, o Banco Central o multou em R$ 1 milhão por manter conta não declarada no exterior. O casal virou alvo ainda de uma ação de improbidade administrativa na qual o Ministério Público cobra quase 100 milhões dos dois.

Diferentemente do que fez com os pedidos de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente José Sarney (PMDB) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR), o ministro Teori Zavascki, do STF, ainda não arquivou a petição feita pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, contra Cunha. O deputado diz que não há por que ser preso e nega a intenção de virar um delator da Lava Jato. “Quero deixar bem claro para todos que essas ilações são mentirosas, porque não cometi qualquer crime e não tenho o que delatar”, afirmou Cunha, em referência à contratação de advogados que defendem delatores para atuar em casos que envolvem a sua família.

Crédito: Congresso em Foco – disponível na web 20/06/2016

Questão de ousadia

A corrupção revelada pelos delatores da Lava-Jato desfia uma trama devastadora para os partidos, tamanha a sordidez dos personagens e dos relatos em série do que fizeram em benefício próprio e de seus chefes políticos, arruinando o sistema de coalizão que a gestou. O que vai sendo desvendado em pedaços sugere a arte dos thrillers, em que se ocultam detalhes cruciais para criar suspense e prender a atenção.

Tramas de conspiração fazem grande sucesso e deixam marcas na vida real quando já há propensão a se crer em mistérios (ETs) ou falam sobre o que a sociedade suspeita (carteis, máfias políticas). A Lava-Jato parece flertar perigosamente com esse inconsciente, já que os inquéritos entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR) e sob a guarda do STF, a jurisdição para ministros e parlamentares ignoram as urgências da política, deixando-a contaminar a economia. A força-tarefa reunida em torno do juiz federal Sérgio Moro faz o embaraçoso contraponto, ao não se perder em filigranas — sentencia sem delonga.

É o que explica o apelo do ex-presidente Lula e seus filhos ao STF para que a ação contra eles não “desça” a Curitiba. Moro e o aparato de delegados e procuradores federais obtiveram confissões de gente acostumada a dar carteirada, criando o ambiente que levou ao afastamento da presidente Dilma Rousseff e, em algumas semanas, ao seu provável impeachment. Já as autoridades de Brasília, com a cautela inexpugnável do ministro Teori Zavascki, o relator da Lava-Jato no STF, e o estilo meio juvenil do chefe da PGR, Rodrigo Janot, provocam mais calor que resultado.

Quando o presidente interino Michel Temer estava pronto para expor à sociedade seu plano para recuperar as contas públicas federais e se mostrar apto a aprová-lo no Congresso, surgem as gravações com figurões do PMDB do Senado feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que já estava com sua delação acertada com a PGR.
A que serve tal vazamento, se o conteúdo exposto, embora deixe mal os grampeados, não sugira ações criminosas? E em que incrimina Temer a acusação de Machado, segundo a qual o então presidente do PMDB lhe pediu ajuda na eleição de 2012? O país quer respostas, não questões evasivas instigadas por quem não tem nada a perder e tudo a ganhar.

Riscos de bonapartismo

Ou Machado entregou provas já conferidas pela PGR e validadas pelo ministro Teori, desdobrando-se em novas apurações, ou nada havia a divulgar, sabendo-se de antemão a fragilidade do governo interino e a intenção da turma encrencada em generalizar as suspeitas visando banalizar os seus atos criminosos, além de confundir a sociedade.

Em tese, não há crime se a transgressão for geral. É o que afirma a defesa de Dilma, ao alegar que todos os governos que antecederam o dela também apelaram a pedaladas fiscais, o que não para de pé. O risco no caso da Lava-Jato é que o sentimento de que ninguém presta na política leve a movimentos bonapartistas, ao salvador da pátria — chaga recorrente na América Latina e atualíssima no Brasil. A Lava-Jato não pode parar. Mas poderá ser vencida se não apressar os resultados, protegendo-se dos tais “pescadores de águas turvas”.

Assobiar e chupar cana

A devassa da corrupção habitual nos órgãos estatais, que adquiriu dimensões sistêmicas nos governos petistas, não é incompatível com a implantação de um programa que imponha um teto para a expansão das despesas públicas, conforme a proposta de emenda constitucional que foi enviada ao Congresso. Ela trata do que arruinou a economia nos últimos anos, ao lado do viés estatista, depois da crise de 2008.

O governo Lula e, sobretudo, o de Dilma fizeram da demanda inflada a crédito, gasto fiscal e desoneração tributária a variável chave para o crescimento, ignorando o que lhe é efetivo: a produtividade, a taxa de lucro e o investimento, nessa ordem. O mergulho do PIB desaconselha, ao menos por ora, insistir com esse modelo financiado por aumentos sucessivos de impostos (com o Brasil impondo a maior carga entre os países emergentes) e de dívida pública, cujo custeio expropria 70% da poupança financeira do país, acirrando os juros.

Crédito: Blog do Vicente por  Antonio Machado  no Correio Braziliense – disponível na web 20/06/2016

Enxurrada bilionária esta em modo de espera pelo impeachment.

De acordo com a expectativa do comandante da subsidiária brasileira de um grande banco estrangeiro, o mercado está em “modo de espera”: aguarda apenas o impeachment passar de vez em agosto para que seja despejada uma enxurrada de dólares em investimentos diretos, em bolsa e bonds. Algo como US$ 50 bilhões.

Crédito: Blog do Lauro Jardim no O Globo – disponível na web 20/06/2016

Senadores tentam apagar incêndio entre Janot e Calheiros

Eunício Oliveira e Randolfe Rodrigues estiveram na quinta-feira passada com Rodrigo Janot (na foto, à esquerda), no prédio da Procuradoria-Geral da República. Foram atuar como bombeiros entre Renan Calheiros (na foto, à direita) e ele. O PGR gostou da conversa. Os senadores também. Mas Janot deu a entender que vai para a guerra.

Crédito: Blog do Lauro Jardim no O Globo – disponível na web 20/06/2016

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