PF investiga fundos de pensão de estatais; Justiça manda bloquear R$ 8 bilhões. Operação Greenfield atinge Caixa, Bradesco, Santander Brasil e Rio Bravo.

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A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira operação para investigar suspeita de fraude em fundos de pensão de estatais, com o cumprimento de mandados judiciais e o bloqueio de 8 bilhões de reais, determinado pela Justiça Federal de Brasília.

Foram expedidos 7 mandados de prisão temporária, 34 de condução coercitiva e 106 de busca e apreensão pela Justiça, que também determinou o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas no valor aproximado de 8 bilhões de reais, segundo comunicado da PF.

A operação tem como objetivo, segundo a PF, apurar suspeita de crimes de gestão temerária e fraudulenta dentro dos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios) e Funcef (Caixa Econômica Federal), tendo como base dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.

“Entre os dez casos, oito são relacionados a investimentos realizadas de forma temerária ou fraudulenta pelos fundos de pensão, por meio dos FIPs (Fundos de Investimentos em Participações)”, disse a PF em comunicado.

“Durante as investigações, alguns núcleos criminosos restaram configurados: o núcleo empresarial, o núcleo dirigente de fundos de pensão, o núcleo de empresas avaliadoras de ativos e o núcleo de gestores e administradores dos FIPs.”

O empresário Wesley Batista, presidente-executivo da empresa de carnes JBS, foi um dos alvos de mandados de condução coercitiva na operação.

A J&F, controladora da processadora de carne JBS e da Eldorado Brasil, confirmou a presença da Polícia Federal nas sedes da J&F e da Eldorado por ocasião da chamada operação Greenfield.

“A J&F e seus executivos esclarecem que colaboram com as investigações e estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários”, afirmou a holding em comunicado à imprensa.

Apesar de representantes da holding afirmarem que a operação não envolve a JBS, da qual Wesley é presidente-executivo, as ações da JBS lideravam as perdas do Ibovespa, recuando mais de 4 por cento, enquanto o índice tinha alta de 0,3 por cento às 11h38.

De acordo com a Polícia Federal, o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS já condenado no âmbito da operação Lava Jato, também foi levado pela PF para depor nesta segunda-feira como parte da Greenfield. Separadamente, Pinheiro, que estava em prisão domiciliar em São Paulo, também teve o benefício revogado pela Lava Jato e deve ser levado de volta para Curitiba.

A PF ainda cumpriu mandado de condução coercitiva contra o empresário Walter Torre Junior, fundador e CEO da WTorre, de acordo com a construtora. Em nota, a WTorre disse que não teve e não tem nenhuma relação direta com nenhum dos fundos de pensão citados na operação da PF.

A polícia também fez buscas na casa do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso em Curitiba também no âmbito da Lava Jato, segundo a mídia.

A PF e o Ministério Público Federal (MPF) disseram que não podem revelar os nomes das pessoas investigadas na operação devido a uma determinação judicial de sigilo que se encerra às 19h desta segunda-feira.

A ação conta com cerca de 560 policiais federais, além de integrantes do MP, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), espalhados pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal.

A operação foi batizada de Greenfield, em referência ao jargão dos negócios para investimentos que envolvem projetos incipientes ou ainda no papel, de acordo com a PF.

Em junho deste ano, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal já haviam deflagrado uma operação para investigar suspeita de desvio de recursos dos fundos de pensão Petros e Postalis na aquisição de debêntures do Grupo Galileo, com mandados de prisão para sete pessoas, incluindo o ex-diretor financeiro do Postalis Adilson Florêncio da Costa.

Procurados pela Reuters, Petros e Postalis não responderam de imediato a pedidos por comentários, enquanto o Funcef disse em nota que possui “rigorosos padrões éticos em todos os investimentos e na relação com seus participantes e assistidos”, e afirmou estar à disposição das autoridades. A Previ, por sua vez, disse que a documentação requerida foi disponilizada e também se dispôs a colaborar.

Operação Greenfield atinge Caixa, Bradesco, Santander Brasil e Rio Bravo.

Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander Brasil e a gestora de recursos Rio Bravo também foram alvo da operação Greenfield deflagrada pela Polícia Federal nesta segunda-feira por suspeita de fraude em fundos de pensão de estatais.

Em todos os casos, a operação mirou a área de gestão de recursos de terceiros dessas instituições.

No caso da Caixa, o alvo da investigação é um fundo do Funcef administrado pelo banco. O Funcef é o fundo de pensão dos funcionários do banco estatal.

Além do Funcef, a operação apura suspeita de crimes de gestão temerária e fraudulenta dentro do Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Postalis (Correios), tendo como base dez casos revelados a partir do exame das causas de déficits bilionários apresentados pelos fundos.

As autoridades expediram 7 mandados de prisão temporária, 34 de condução coercitiva e 106 de busca e apreensão pela Justiça, que determinou sequestro de bens e bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas no valor aproximado de 8 bilhões de reais, segundo comunicado da PF.

Em nota, a Caixa afirmou que já havia criado uma força tarefa interna com técnicos de carreira do banco para apurar “eventuais irregularidades” em investimentos do Funcef.

Também em nota, o Bradesco afirmou que suas unidades de gestão de recursos Bram e a BEM “seguem estritamente o regulamento dos fundos sob sua gestão e administração e as regras definidas pelos reguladores” e que estão prestando toda a colaboração requerida pelas autoridades.”

Já o Santander Brasil admitiu que a PF solicitou documentos relacionados ao Funcef, Petros, Previ e à afretadora de sondas para exploração de petróleo Sete Brasil, que está em recuperação judicial, e ao fundo Global Equity. “Essas investigações não têm qualquer relação com o Santander, mas sim com os referidos fundos”, afirmou o banco.

A Rio Bravo, que está tendo seu controle vendido para o grupo chinês Fosun, confirmou que seu escritório na cidade de São Paulo foi alvo das buscas da PF, mas que “tem poucas relações com os fundos de pensão que são objeto desta investigação, mesmo trabalhando com a maior parte das empresas deste segmento, sempre com lisura, ética e total observância à legislação”.

Crédito: Reuters Brasil – disponível na web 06/09/2016

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