Custo da saúde no Brasil dispara e ameaça planos de operadoras e clientes. Jornal da Band veicula informação equivocada sobre a UNIMED-Rio

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Gasto de operadoras com atendimentos médicos cresce 19% em um ano. No país, já existem 60 empresas com patrimônio líquido negativo, prejudicando beneficiários. Número de internações e exames encarece tratamento

O envelhecimento da população e os avanços da tecnologia, com o surgimento de exames, remédios e procedimentos médicos cada vez mais complexos e caros, estão jogando os gastos com doenças na estratosfera. A inflação da saúde disparou nos últimos anos, sempre acima do custo de vida, e a tendência é que continue em alta, ameaçando a viabilidade econômica de planos privados e de autogestão, assim como o atendimento aos beneficiários.

No ano passado, o aumento dos preços com saúde disparou 11,05%, a maior alta desde 2001 para o setor, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 6,29%, de acordo com dados o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a tendência, aponta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é continuar subindo.

A instituição calcula que o custo da doença atingiu 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2010 e, no ano passado, ultrapassou a marca dos 10% do PIB. A estimativa da OCDE é de que, em 2050, encoste em 20% de todas as riquezas produzidas no país. Considerando a projeção do Ministério do Planejamento, de que o PIB do Brasil será de R$ 50,6 trilhões em 2050, o país gastará nada menos do que R$ 10 trilhões em saúde se nada for feito para a prevenção de doenças.

Para Rubens Sakay, especialista em comportamento humano, nada é capaz de inflexionar a curva de aumento dos gastos, a não ser a mudança nos hábitos de vida. “As doenças crônicas são responsáveis por 86% dos gastos com saúde e estamos padecendo mais delas, que são possíveis de prevenir, mudando o modo de vida sedentário e passando a se alimentar melhor”, diz.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são hoje responsáveis pela maioria das mortes em muitos países, seja de alta, média ou baixa condição socioeconômica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 72% das mortes antes dos 60 anos de idade são ocasionadas por doenças crônicas. Estimativas para o Brasil sugerem que a queda de produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar resultantes de apenas três DCNTs — diabetes, doença do coração e acidente vascular cerebral — levaram a uma perda na economia brasileira de US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015. Também são consideradas crônicas doenças como o câncer, as respiratórias, a hipertensão, e as chamadas mentais, termo genérico que designa depressão, esquizofrenia e abusos de álcool e drogas.

Gastos com saúde e cuidados pessoais impedem queda maior da inflação

Com os procedimentos médicos ficando cada vez mais caros em um dos poucos mercados em que ainda houve pressão de demanda, o aumento foi inevitável.

A inflação cedeu mais do que o esperado e surpreendeu os analistas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2016 com alta de 6,29%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e ficou abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. A desaceleração só não foi mais acentuada devido ao aumento dos preços com saúde e cuidados pessoais, que subiram, em média 11,05% no ano passado. Em dezembro, o IPCA avançou 0,30%, a menor variação para o mês desde 2008.

A alta do item de saúde e cuidados pessoais, porém, foi a maior desde 2001. Com os procedimentos médicos ficando cada vez mais caros em um dos poucos mercados em que ainda houve pressão de demanda, o aumento foi inevitável. Em 2015, os gastos com saúde haviam subido 9,2% e atingiram o pico nos 12 meses terminados em maio de 2016, 11,9%. Só no segundo semestre do ano passado os desembolsos desaceleraram, tal como o custo de vida em outras classes de despesas.

O movimento de recuo dos preços, no entanto, foi insuficiente para frear algumas das principais pressões do grupo, como custos com produtos farmacêuticos e plano de saúde. Em média, os remédios subiram 12,48% em 2016, e os convênios médicos, 13,57%. Os dois itens responderam por 68% da alta do segmento e por 20% de todo o IPCA acumulado no ano. Somente os planos de saúde deram uma contribuição de 0,45 ponto percentual — a maior entre todos os subitens analisados pelo IBGE.

Os gastos com saúde assustaram muitos consumidores. Entre eles, a servidora pública Ivete Aguiar, 48 anos. Em um ano, o custo do plano de saúde dela saltou de R$ 400 para R$ 600 — um aumento de 50%. “É uma despesa muito alta para um benefício que atende só uma pessoa. E, infelizmente, não tenho como cancelar. Não posso ficar dependente apenas da saúde pública”, lamentou.

Crédito: Matérias publicadas dias 13 e 12/01 no Correio Braziliense – disponível na web 14/01/2017 

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