Muita gente tem se perguntado como Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Lula e de Michel Temer, conseguiu acumular R$ 51 milhões em espécie sem que nenhuma movimentação de recursos tenha sido detectada pelas autoridades, entre elas, o Banco Central.
Na avaliação do presidente Sindicato dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Jordan Pereira, há vários fatores para explicar a circulação de tanto dinheiro em espécie usado para o pagamento de propinas.
Primeiro: há bancos que não comunicam os saques de clientes ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), responsável por combater a lavagem de dinheiro.
Segundo: há transportadoras de valores que dormem com uma grande quantidade de dinheiro e podem “emprestar” esses recursos dentro de um esquema nada republicano. E mais: o dinheiro pode ser fruto de roubo a bancos e a transportadoras de valores ou mesmo recursos do tráfico de drogas e armas.
Pereira conta que a intermediação desses recursos entre criminosos e corruptores se dá, principalmente, por meio de doleiros. Um empresário, por exemplo, precisa pagar alguém em espécie, procura o doleiro, que usa, muitas vezes, dinheiro no exterior para trocar por reais no país.
Regulamentação
O presidente do Sinal afirma que, no caso de não comunicação de saques ao Coaf, uma fiscalização mais eficiente resolveria os problemas. Para isso, bastaria reforçar o quadro de analistas do Banco Central para uma supervisão bancária mais eficiente.
Já no caso de transportadoras “emprestarem” dinheiro, Pereira ressalta que falta regulamentação. “Ninguém fiscaliza. Essa regulamentação precisaria de projeto de lei do Executivo. O Sinal pensa que a medida tem virtudes por ser saneadora. Para isso, seria preciso de vontade política do governo”, assinala. As outras possibilidades são casos de polícia.
Sebe-se que, no caso de JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que corromperam centenas de políticos, a empresa conseguia dinheiro vivo nos supermercados em que entregavam mercadorias. Sem passar pelo sistema financeiro, não havia como o Banco Central registrar a movimentação.
Crédito: Blog do Vicente/Correio Braziliense – disponível na internet 07/09/2017