A BCG é umas das principais vacinas utilizadas no mundo, aplicada anualmente em cerca de 120 milhões de recém-nascidos. Além de prevenir as formas graves de tuberculose na infância, a BCG também pode gerar resposta imune protetora inespecífica contra outras infecções.
Em entrevista à CNN, Julio Croda, pesquisador da fundação, explica os motivos que levam a crer que a BCG pode ser eficaz contra o novo coronavírus.
“Tem dois resultados importantes. Um com crianças e outro mais recente com idosos, mostrando que a BCG protegeu infecções respiratórias virais em 79% idosos que se vacinaram na Grécia”, argumenta.
“São dados iniciais, não é contra a Covid-19, mas faz com que possamos testar em estudos de fase 3”, afirma.
Croda esclarece que, ao todo, 10 mil voluntários serão recrutados nesse estudo de fase 3 em todo o mundo.
“Temos pacientes na Austrália, Holanda, Reino Unido e Espanha. No Brasil serão três mil voluntários, sendo dois mil da cidade de Campo Grande (MS) e mil do Rio de Janeiro”, diz.
Metade (1,5 mil) dos pacientes vão receber a imunização da BCG e a outra, placebo.
Os indivíduos serão avaliados por um ano. “Nos primeiros 14 dias serão verificadas as reações adversas. Depois, semanalmente, o paciente irá receber uma ligação. Se apresentar sintomas, iremos coletar o [teste] RT-PCR”, explica.
“Depois teremos retorno desses pacientes no terceiro, sexto, nono e 12º mês para colher a sorologia que mede anticorpo IgM e IgG para verificar se o paciente teve a doença [a Covid-19] na sua forma assintomática”, acrescenta.
Para ser voluntário, segundo o especialista, é preciso ter mais de 18 anos, trabalhar na área saúde e não ter nenhuma contraindicação específica para receber a revacinação da BCG.