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“É um remanejamento da equipe”

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Guedes confirma saída de secretários, mas nega demissão: “É um remanejamento da equipe”

 
Guedes decidiu retirar Waldery Rodrigues Júnior do cargo de secretário especial da Fazenda, após a crise causada pela sanção do Orçamento de 2021. Ele se desgastou na negociação com o Congresso, que produziu uma peça orçamentária cheia de erros técnicos.
— Eu queria só deixar registrado que isso não é uma demissão. Não tem um ministro demitindo alguém competente, leal, amigo, dedicado, sério, responsável. Que foram tantos combates juntos que nós estamos ligados — disse Guedes.

Além de Rodrigues, o secretário de Orçamento Federal, George Soares, também deixou seu cargo. Rodrigues, no entanto, permanecerá na pasta como assessor especial de Guedes.

Para o lugar de Waldery, o escolhido foi o atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, que chegou a alertar colegas da pasta para o risco de autoridades envolvidas no Orçamento 2021 cometerem “crime de responsabilidade” com o cancelamento de despesas obrigatórias feito pelo Congresso.

‘Certo aumento de resistência’, justifica Guedes

O assessor especial de Guedes Jefferson Bittencourt irá assumir o Tesouro no lugar de Funchal, que estava no cargo há menos de um ano. Ele substituiu Mansueto Almeida em julho de 2020.

— O que está acontecendo, na verdade, é um remanejamento da equipe. Nós estamos jogando em 4, 4, 2 e nós vamos jogar em 4, 3, 3. Justamente para facilitar as negociações do Congresso, para facilitar as conversas com próprio Executivo, com os ministérios — disse Guedes, comparando a mudança com o esquema tático de um time de futebol.

. Foto: Criação O Globo
. Foto: Criação O Globo

  O ministro reconheceu, porém, que havia resistências e desgastes sobre Rodrigues e Soares.

— Tem um certo aumento de resistência, as negociações são difíceis. A função dele (Rodrigues) é muito difícil. No caso da secretaria de Fazenda é onde está o foco também, onde o “não” é dito com muita frequência — disse o ministro.

Guedes convidou o ex-secretário-executivo do antigo Ministério da Fazenda Ariosto Culau para assumir o posto de secretário do Orçamento. Culau já foi secretário de Orçamento e ocupou outros cargos voltados para essa área.

‘Não é problema pessoal com ninguém’

O ministro negou, por outro lado, que a decisão tenha sido tomada por conta da crise causada pelo Orçamento.

— Nós já estávamos conversando isso bem antes da negociação do Orçamento. Nós já há dois, três meses, conversamos sobre isso.

O ministro também negou problemas pessoais com os nomes trocados:

— Não é problema pessoal com ninguém. Não houve nenhuma pressão para fazer esse movimento, não é nada disso.

‘Jogar na defesa’

Guedes também mencionou a saída de sua assessora para temas tributários, Vanessa Canado. Ainda admitiu que a secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier, pode deixar o cargo, mas por ter recebido “propostas de fora”. Mais cedo, ela negou que esteja de saída. 

Para Guedes, os postos substituídos precisam “jogar na defesa”, enquanto há assessores mais criativos e mais simpáticos aos políticos:

— O Tesouro apanha, a Fazenda apanha, os governadores ficam aborreidos. Porque é uma situação difícil, é dizer não, é segurar o caixa.

O ministro disse que o secretário do Orçamento pediu demissão após se sentir desgastado:

— O desgaste do George é muito grande, é brutal. Ele mesmo falou assim: “olha eu acho que está na hora, para facilitar o andamento das reformas, está na hora de eu recuar”.

Guedes reforçou diversas vezes que a saída dos seus secretários neste momento não foi motivada por pressão para demissão, mas reconheceu que esses cargos sofrem pressões naturais.

— É quase desumano a pressão que existe sobre o time todo. E é natural. Não houve nada específico (para a saída). É algo que vai passando, vai passando…

Crédito: Manoel Ventura/O Globo – @internet 28/04/2021


Mudança na Fazenda ajuda Guedes a se fortalecer no cargo, avaliam membros do governo

O Palácio do Planalto e integrantes da Esplanada comemoraram a demissão do secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, nesta terça-feira.

 Considerado intransigente pela ala política do governo, o agora ex-secretário tinha péssimo relacionamento com os ministérios e já tinha a saída aguardada.

A mudança, segundo membros do governo, ajudar a fortalecer o ministro da Economia, Paulo Guedes, alvo de pressão após o impasse do Orçamento.

O GLOBO apurou que o governo também cogita recriar os ministérios do Trabalho, Previdência e Desenvolvimento, eliminando as secretarias de Guedes que hoje atuam nessas áreas, como uma forma de aliviar a pressão de parlamentares sobre Guedes.

O principal pedido do Congresso é a recriação do ministério do Planejamento, área que também se mantém até agora dentro do superministério de Guedes.

Waldery será substituído pelo secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, que tem o respaldo de importantes assessores do presidente Jair Bolsonaro.

Funchal assume a Fazenda com a expectativa da ala política de melhorar o diálogo com os demais setores do governo e de dar mais agilidade à secretaria.

Na avaliação de integrantes do governo, a mudança a melhora a situação de Guedes, que desgastado com integrantes do Executivo e do Legislativo por causa das discussões do Orçamento da União, sancionado na semana passada.

Guedes fragilizado no cargo

Em conversa reservada com O GLOBO, um ministro admitiu que Guedes nunca esteve tão fragilizado no cargo. A demissão de Waldery foi vista internamente como uma sinalização do chefe da Economia de que está disposto a aparar as arestas.

A mudança na Secretaria de Fazenda ocorre em meio à discussão do desmembramento do Ministério da Economia, o que significaria uma perda de poder para Guedes.

Diante do apetite do Congresso por mais espaço no Executivo, o  presidente Jair Bolsonaro vem sendo aconselhado a recriar as pastas de Previdência e Trabalho e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A estratégia seria abrir espaço no órgão hoje comandado por Paulo Guedes sem tirar do domínio do ministro a área de Planejamento — principal alvo dos pedidos dos parlamentares, como mostrou o GLOBO.  O cargo seria entregue a um senador, que não tem assento no governo. 

Crédito: Jussara Soares/O Globo – @internet 28/04/2021

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