“Ceia da miséria”: Servidores do Rio protestam contra atraso nos salários.

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Na manhã desta sexta-feira (23), os servidores públicos do estado do Rio de Janeiro realizaram um protesto que teve início no Largo do Machado e migrou para o bairro de Laranjeiras, onde fica o Palácio da Guanabara, ambos na Zona Sul da cidade.

Eles cobravam a regularização do pagamento, que só será depositado em janeiro de 2017, e o 13º salário. O ponto alto da manifestação foi a “ceia da miséria”, encenada em frente ao palácio, quando os servidores comeram pão e beberam água em alusão à penúria do Natal dos servidores.

Por volta das 12h30, os manifestantes fecharam o trânsito na Rua Pinheiro Machado, e o tráfego teve de ser desviado para a Rua das Laranjeiras, no sentido Botafogo, e para a Praia de Botafogo, no sentido Centro.

Na última quinta-feira (22), a secretaria estadual de Fazenda divulgou um novo calendário para os pagamentos dos servidores que ainda não receberam o salário de novembro. A previsão é que os salários sejam pagos em até cinco parcelas, a partir de 5 de janeiro de 2017, e sejam integralmente quitados até 17 de janeiro.

Parcelamento

Com um novo bloqueio de contas do governo pela União, as duas primeiras parcelas do pagamento de novembro – de um total de nove – não serão pagas. A nova previsão é que os salários sejam regularizados em até cinco parcelas, entre 5 e 17 de janeiro. O pagamento do 13º, no entanto, não tem previsão para nenhuma categoria, segundo a Secretaria de Fazenda.

Ao todo, terão confraternizações de fim de ano cerca de 40% dos servidores do estado. Os funcionários do Judiciário e do Legislativo estão com os salários em dia, mas no Executivo só receberam os servidores da ativa da educação – com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – e da segurança pública. Os pensionistas, no entanto, entram no parcelamento, o que preocupa, por exemplo, a Associação de Bombeiros Militares do Rio de Janeiro.

Viúvas passam dificuldades

“Estão sem receber as pensionistas, as viúvas daqueles companheiros que tombaram, como aqueles que faleceram durante o socorro na tragédia da serra (em 2009)”, lembrou o subtenente Mesac Eflain, presidente da associação. “Nós recebemos o salário integral de novembro, no entanto, nossas pensionistas não receberam e o pior é que o dinheiro só será liberado em parcelas”, disse.

Quem também está sem receber são os servidores da Ciência e Tecnologia, incluindo os professores e demais profissionais das universidades estaduais. “A Universidade [Estadual do Rio de Janeiro] (Uerj) está sendo sucateada. Os salários de docentes e técnicos estão atrasados, os bolsistas estão sem bolsas e a universidade recebeu pouco mais de 10% de seu orçamento”, denunciou a diretora de bibliotecas da Uerj, Rosângela Sales. “Tem um ano que a situação é dramática”, desabafou.

Da área da Saúde, a auxiliar em enfermagem Mariá Casa Nova, que também é diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Trabalho e Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro, conta que os profissionais passaram a sobreviver de doações. “Eu mesma peguei as cestas básicas que estão sendo doadas e distribuídas pelos sindicatos. Eu estou passando necessidade, se não fossem os sindicatos em melhores condições, como o da Justiça, não sei o que faria”, explicou.

Durante a manifestação, os servidores receberam apoio da população dos bairros de Laranjeiras e do Catete, na zona sul, que acenaram das janelas, exibiram bandeiras vermelhas ou apitaram. Os manifestantes respondiam com palavras de ordem: “Alô população, calamidade é o Pezão”, em referência ao governador Luiz Fernando Pezão que também foi chamado de “salafrário..

Pezão, que tem buscado uma saída com o governo federal, em nota à imprensa, disse que mantém o “compromisso de buscar soluções para a crise”. “Tenho consciência do que os servidores estão passando. Sei o que o atraso representa. Estou doído com isso”, afirmou. O governador, no entanto, sofre críticas por ter liberado incentivos fiscais retroativos a joalheiras.

Crédito: Jornal O Dia 24/12/2016  

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