Bolsonaro faz nesta terça-feira em Nova York discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU

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O presidente Jair Bolsonaro após desembarcar no aeroporto em Nova York — Foto: Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro após desembarcar no aeroporto em Nova York — Foto: Palácio do Planalto

O presidente viajou uma semana depois de receber alta hospitalar. No dia 8, ele passou por uma cirurgia para corrigir uma hérnia, o quarto procedimento desde que sofreu uma facada no abdômen em 2018.

Bolsonaro viajou com orientação de manter uma dieta leve e de evitar longos períodos sentado no avião. O presidente tem previsão de embarcar de volta para Brasília na noite desta terça.

Discurso

Tradicionalmente, desde 1949, cabe ao representante do Brasil abrir o debate geral da assembleia das Nações Unidas. Chanceleres e presidentes subiram à tribuna em Nova York nas últimas sete décadas.

Com a fala desta terça, Bolsonaro será o oitavo presidente brasileiro a abrir os debates. O primeiro chefe de Estado do país a discursar no encontro foi João Figueiredo, em 1982. Desde então, apenas Itamar Franco não se pronunciou ao menos uma vez na assembleia geral.

Bolsonaro já adiantou que na abertura pretende abordar temas como patriotismo e soberania, a fim de demonstrar ações que o Brasil faz para preservar o meio ambiente, em especial na Amazônia. Ele deverá defender a necessidade de desenvolver a região.

A fala será feita após a crise provocada, em agosto, pela alta das queimadas na floresta. Bolsonaro trocou farpas com o presidente da França, Emmanuel Macron, que deixou em aberto a discussão sobre um possível status internacional na Amazônia.

Bolsonaro trabalhou ao longo da última semana passada no discurso, com auxílio dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Na semana passada, Bolsonaro declarou que não vai “fulanizar” ou “apontar o dedo para nenhum chefe de Estado”. Ele afirmou ainda que, vendo discursos de outros presidentes brasileiros na ONU, concluiu que “se falava, falava e não se dizia nada”.

Primeira-dama

A primeira-dama Michelle Bolsonaro acompanhará o presidente durante a abertura do debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas.

À tarde, Michelle deverá participar de um evento promovido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O evento será na Biblioteca Pública de Nova York e trata, conforme o Planalto, do “bilhão excluído da cobertura universal de saúde: crianças e pessoas com dificuldades no desenvolvimento e deficiências”.

Michelle tem atuação em trabalhos sociais, principalmente nos destinados à comunidade de surdos e mudos. A primeira-dama, inclusive, discursou na posse de Bolsonaro em libras (Língua Brasileira de Sinais).

No governo, a primeira-dama preside o conselho do programa Pátria Voluntária, que incentiva ações de trabalho voluntário no país.

Crédito: Guilherme Mazui, G1 — Brasília – disponível na internet 24/09/2019


Entenda por que o Brasil é o primeiro a discursar na Assembleia Geral da ONU

Protagonismo de Oswaldo Aranha está na origem da tradição.
 

Embora a tradição não venha de nenhum norma oficial da ONU, um representante brasileiro sempre faz o discurso de abertura da Assembleia Geral. O Brasil é um dos 51 Estados fundadores da organização em 1945 — na época, os territórios da maioria dos 193 países que hoje integram as Nações Unidas ainda estavam sob domínio colonial.

Além disso, Oswaldo Aranha — que foi ministro de Relações Exteriores de Getúlio Vargas, levando o Brasil à Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, e depois chefe da delegação brasileira na ONU — teve papel relevante nas negociações que levaram à criação da organização. Aranha presidiu a primeira sessão especial da Assembleia e a segunda sessão ordinária em 1947. Nesses dois encontros, foi aprovada a criação do Estado de Israel, com voto favorável do Brasil.

No livro “O sexto membro permanente: o Brasil e a criação da ONU”, o diplomata Eugênio Vargas Garcia relata que o governo de Franklin Roosevelt, que liderou os Estados Unidos na Segunda Guerra, havia prometido ao Brasil uma cadeira permanente no Conselho de Segurança na nova organização. Com a morte de Roosevelt em abril de 1945, um mês antes do fim do conflito, e sua substituição pelo vice, Harry Truman, a promessa foi deixada de lado. A contenção dos soviéticos na Europa e no extremo oriente se tornariam as prioridades americanas no início da Guerra Fria. Não há até hoje um sexto membro permanente, privilégio de que usufruem cinco países: EUA, Rússia (no lugar da antiga URSS), França, Reino Unido e China, todos com armamento nuclear.

Até 1954, o Brasil abriu a Assembleia Geral em três ocasiões. Somente a partir de 1955, em reconhecimento ao papel desempenhado por Aranha nos primórdios da ONU, passou a abrir os discursos da Assembleia Geral. Os Estados Unidos, o anfitrião, são o segundo país a falar. Para as demais nações, a ordem é baseada no nível de representação (chefe de Estado, ministro ou embaixador), preferência e outros critérios.IMPORTÂNCIA DE OSWALDO ARANHA

Nos dias anteriores à sessão da ONU que aprovou a partilha da Palestina, sob mandato britânico desde o fim do Império Otomano, em um Estado judaico e outro árabe, o ministro brasileiro também se mobilizou para garantir que a votação não fosse adiada. O Brasil apoiava a solução de dois Estados.

Oswaldo Aranha nasceu em Alegrete no Rio Grande do Sul, em 15 de fevereiro de 1884. Formou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro no ano de 1916. Participou das articulações para depor o presidente Washington Luis e levar Getúlio Vargas ao poder na Revolução de 1930. Tornou-se ministro da Justiça e da Fazenda em 1931, foi embaixador em Washington entre 1933 e 1937 e ministro das Relações Exteriores de 1938 a 1944.

Em 1947, Aranha teve seu nome cogitado como candidato ao Nobel da Paz. Sua candidatura foi apoiada por 15 delegações de países da então União Pan-Americana, sendo defendida também por entidades sionistas americanas, segundo informações do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas. O prêmio, no entanto, foi dado aos Conselhos dos Quakers (do Reino Unido e EUA).]

Fonte: https://oglobo.globo.com/mundo/entenda-por-que-brasil-o-primeiro-discursar-na-assembleia-geral-da-onu-23098892

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